Helena de Tróia,de Esparta... ou no Egipto?

Helena era um tema ideal para Safo, uma poetisa genuinamente interessada em analisar o poder desconcertante da beleza e da atracção física.(...)Na versão de Safo da história, a decisão é de Helena. Ela já tinha marido, mas Páris, uma opção mais jovem, mais elegante e melhor, aparece, ela prefere-o.(...) No retrato que Safo traça de Helena, é difícil ignorar um eco distante da célebre prática espartana da poliandria. A poliandria ( partilha de marido, ou ter uma série de parceiros) pode fazer parte da miragem espartana. Pode ser uma ideia fantasista de um estranho sobre até que ponto as raparigas espartanas iriam para explorar a sua reputação de viragos. Mas, mais uma vez, pode simplesmente ser verdade. Ouvimos pela primeira vez falar explicitamente de poliandria a Políbio, um autor grego de nascimento nobre que escreveu no secúlo II a.C., descrevendo práticas que qualificava de "tradicionais"(...) Diz-nos Plutarco, o autor de A Vida de Licurgo, que, durante mais de quinhentos anos, na tradição espartana, as mulheres tinham sido autorizadas pelos maridos a acasalarem com amantes núbeis, se pensassem que o sangue jovem geraria descendência mais vigorosa e próspera. (...)
Habituámo-nos a pensar em Helena como um troféu passivo, mas só numa História relativamente recente é que ela ganhou essa reputação. Durante dois milénios e meio, uma tradição alternativa reconheceu uma heroína mais corajosa. Não apenas uma mulher leviana,mas uma protagonista dinâmica,uma rainha rica. Uma interveniente política que - com a ajuda de Afrodite - controlava os homens à sua volta.


in Helena de Tróia, de Bettany Hughes

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