Em defesa do Espaço das Aguncheiras

Não está fácil a vida do espetáculo, mas ainda não está morto, embora os senhores das ideias vagas insistam na triste tendência de entreter as pessoas para as distrair da funesta cadência da realidade, da dívida e da austeridade. Pobretes mas alegretes. "O que faz falta é entorpecer a malta", com reality shows, futebol e romarias.
Investir em cultura é uma perigosa tendência, porque dá resultados. Torna as pessoas mais conscientes, preocupadas e intervenientes. É uma terrível maleita que torna os carneiros em cidadãos. Qualquer economista da Escola de Chicago, esses ilustres cartomantes da sociedade de consumo, que preveem o comportamento dos mercados em folhas de excel, sabe que dar cultura ao povo é perigoso. As pessoas acreditam mais facilmente naquilo que lhes dizem do que naquilo que veem com os seus próprios olhos.
O vinho é que enduca e o futebol é que instrói, já dizia o Goebels “quando ouço falar de intelectuais puxo logo da pistola.” A pistola é passado, agora temos o “Processo”. Kafkiano, embora sem o brilho do original, tem a assinatura de uma tal Miquelina.
Agora estamos condenados à reflexão, mas havemos de voltar.
cooperativa espaço das aguncheiras

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