Amazonas ,origem do nome:"a" de negação+"mázos"(peito,em grego)

A lenda das mulheres guerreiras ou Amazonas terá tido início com a batalha de Termodonte, quando os gregos saíram vitoriosos contra essas estranhas mulheres. As que foram feitas prisioneiras foram levadas nos navios. Mas em alto mar, revoltaram-se e dizimaram os homens. Elas ignorantes das artes de navegar, andaram à deriva e chegaram ao Mar de Azov, onde habitavam os citas. As amazonas conseguiram roubar-lhes os cavalos, mas os Citas acabaram vencedores.Os Citas só se aperceberam de que tinham estado a lutar contra mulheres ao verem os seus corpos seminus inanimados.Estranha é a atitude dos Citas que, em vez de dizimarem as amazonas, lhes proporcionaram acampamentos junto dos jovens da tribo, incenti-vando o acasalamento para que nascessem homens guerreiros fisicamente superiores. Isto ter-se-á passado há mais de seis mil anos! As amazonas, habituadas à sua liberdade, acabaram por partir e ir viver para lá do rio Tánis (actual rio Dom). As amazonas são o primeiro e mais persistente mito de mulheres libertas vivendo em comunidades. Poderosas, porque manejavam armas. Curioso é referir que esse factor de superioridade era marcante para os homens que se cruzavam com elas. Ter armas é, ontem como hoje, ter poder. Está estudado que as regiões onde viveram tinham grandes reservas de ferro. Daí serem elas próprias a fabricar as armas. E eram guerreiras porque queriam conquistar territórios para se instalarem.Quanto à descendência, como normalmente viviam perto do mar ou em ilhas, eram visitadas por homens aventureiros ou marinheiros, mais ou menos incautos, que de bom grado acasalavam com aquelas mulheres. Segundo a lenda apenas criavam as filhas e repudiavam ou matavam os bebés do sexo masculino. Eram esses ainda tempos de barbárie. Para melhor manejar o arco, as flechas e as lanças, as amazonas comprimiriam, queimariam ou cortariam, na puberdade, o seio direito. Dai a origem do nome: “a” (prefixo de negação) + “mazós” (peito, em grego), o que significa mulheres sem peito. Esta etimologia tem sido aceite sem contestação, não se percebe bem como. O bom senso diz-me que nenhuma mulher queimaria ou reduziria o seu órgão mais delicado e mais erótico, fosse por que motivo fosse. Além disso, Pierre Devambez publicou recentemente, no Lexicon Iconographicum Mythologie Classicae, 819 espécimes de representações, onde nunca as amazonas aparecem só com um seio. As Amazonas são representadas como mulheres bem constituídas, elegantes, usando a meia túnica, apertada na cintura, com um seio a descoberto e o outro sugerido, por baixo de vestes leves. Na mão têm o arco e às costas, a aljava, onde transportavam as setas. Também aparecem representadas com um machado de dois gumes em vez do arco. O mais célebre conjunto escultório é o friso do mausoléu de Halicarnasso, onde as amazonas são perpetuadas lutando contra Hércules. No século III a.C., as Amazonas já teriam atingido a Grécia. Anteriormente, apenas se conheciam localizadas na Ásia Menor. Durante séculos, as suas histórias povoaram o imaginário de gregos e romanos. Mais tarde, com Cristóvão Colombo, o mito foi transposto para o Novo Mundo. Segundo os especialistas, o mito das Amazonas encontra-se em todos os continentes, excepto na Oceânia. A presença das famosas guerreiras na guerra de Tróia ficou como elemento importante do mito. Príamo recorda os tempos em que ele e os seus homens as combateram. Eles consideravam-nas aiitineirai ou “equivalente aos homens” — portanto, seus pares. O herói da Ilíada, Aquiles, travará um combate com Pentesileia, rainha das amazonas. Sabe-se que as Amazonas se radicaram na ilha de Lesbos, pátria de Safo - a maior poeta da Grécia clássica (século V e VI a.C.), em Lenmos e na Samotrácia, mais a Norte. Segundo a mitologia grega, as amazonas eram filhas do deus Ares (deus da guerra, filho de Zeus) e da ninfa Harmonia (ligada ao culto dos deuses de Samotrácia). Originárias da Trácia ou das costas meridionais do Mar Negro (Cáucaso), fixaram-se de início na Capadócia (hoje território turco), habitando as margens do rio Termodonte (no século XVII, Rubens pintou dois vigorosos quadros em que representa as lutas das amazonas contra Teseu, precisamente sobre este rio). As amazonas ter-se-iam apoderado de Éfeso, onde fundaram o mais antigo templo à deusa Ártemis, conotada com o amor entre mulheres. Teriam fundado também a cidade de Mitilene, na ilha de Lesbos, hoje francamente conotada com o lesbianismo, aspecto que enche inúmeras páginas da Internet. Um dos encontros mais contados das Amazonas foi com os Argonautas que chegaram à ilha de Lemnos e foram bem recebidos, a ponto de ali permanecerem um ano, quase esquecendo a sua missão - a demanda do Velo de Ouro.

In O Leme, por Maria Luisa V. Paiva Boléo

Comentários

luisavpboleo@gmail.com disse…
obrigada por me divulgar.
Sou a autora.
Daniel Assis disse…
Muito bom o texto, parabéns a autora Maria Luisa e ao bolg por lhe creditar. Gostaria de saber, se possível, a qual texto este trecho pertence, qual seria o livro. Grato.